sexta-feira, 10 de março de 2017

ATRÁS DO VÉU

ATRÁS DO VÉU
Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque Ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. Mateus 5:43-45
Saí para comprar o almoço e notei que as ruas não estavam lotadas como de costume. Enquanto andava tranquilamente pela calçada, avistei uma mulher trajando uma burca. Depois de algum tempo vivendo aqui, essa cena se torna comum, e não nos surpreendemos mais ao ver as muçulmanas caminhando pelas ruas, fazendo compras ou andando de ônibus.
Contudo, não sei por que, percebi que algo diferente estava ocorrendo. Ela vinha em minha direção e, quando estávamos próximos, tentou falar comigo. Levei um susto, porque isso não é comum. As mulheres não têm autorização para falar com homens que não sejam de sua família. Por que aquela muçulmana estaria falando com um estrangeiro no meio da rua? Eu sabia que o hábito de vestir a burca era, acima de tudo, uma maneira de se manter distante dos outros.
Seus olhos eram tudo que eu podia ver. Ela tentou falar-me algo, e eu não entendi. Tentei responder em inglês, mas percebi que ela não compreendia o idioma. Fiquei apreensivo. Será que posso conversar com essa desconhecida? O que os outros poderão pensar? A preocupação com o julgamento alheio, que nos impede tantas vezes de fazer o que precisa ser feito, é um grande problema.
Olhei em seus olhos e vi sofrimento, angústia, quase desespero. Vi que atrás daquele véu havia alguém que carregava dor e tristeza. Vi que ali tinha uma pessoa de carne e osso, não apenas uma sombra emblemática a caminhar deso­rientada pelas ruas e vielas da cidade. Vi que, como qualquer um, em qualquer lugar do mundo, era uma pessoa precisando de ajuda.
Lamentei o fato de não falar seu idioma e não entender sua necessidade. Assim que percebeu que eu não a compreendia, ela continuou seu caminho solitário, e fui abalado para sempre. Nada é mais destrutivo do que o precon­ceito. A mulher do véu me ensinou que suas necessidades são iguais às nossas. Somos filhos de um mesmo Deus e sofremos as mesmas angústias e desilusões.
Ela me mostrou que é urgente nos colocarmos no lugar do outro para enten­dermos o sofrimento. Enquanto a política e as religiões dividem o mundo, em uma antiga luta para conquistar espaço, Deus nos olha como pessoas que care­cem de Sua misericórdia, sem Se importar com qual lado do planeta estamos. Em sua infinita compaixão, Jesus morreu e derramou Seu sangue por todos.
Que saibamos reconhecer nossa necessidade de Deus para que possamos amar o próximo como Ele amou, deixando de lado todo e qualquer preconceito que ainda haja em nosso coração.
Sua fidelidade e oração os mantêm lá.

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